Em um difícil momento financeiro, a Azul acredita que vai finalizar o processo de recuperação judicial nos Estados Unidos no início de 2026. A companhia aérea já garantiu um aporte emergencial de US$ 250 milhões e seus diretores saíram otimistas da primeira sessão na Corte de Falências do Distrito Sul de Nova York.

Ao entrar no Chapter 11 em Nova York (o Capítulo 11 da Lei de Falências dos EUA), a Azul espera conseguir um financiamento de US$ 1,6 bilhão. Uma parte já foi liberada pela Corte de Nova York ontem. A próxima reunião está marcada para o dia 9 de julho.
“Esses US$ 250 milhões já entraram no caixa da companhia. Depois vamos ter um despendido maior, que será mais um dinheiro novo e também para comprar uma dívida antiga. E a terceira deve ser a última para sair do Chapter 11”, afirmou o vice-presidente institucional e corporativo da Azul, Fabio Campos. “Nossa expectativa é concluir toda a parte judicial até o fim de 2025 e sair desse processo no começo do ano que vem”.
rota menor e mais moderna
Para diminuir suas dívidas, a Azul precisa também cortar gastos. E em seus planos pretende readequar contratos de leasing, reduzindo sua frota futura em 35%.
Segundo últimos dados da Azul, referente ao primeiro trimestre, a companhia contava com uma frota de 184 aviões e tinha a previsão de chegar a 201 aeronaves até o fim deste ano e 218 até 2027. Ao entrar no Chapter 11, a companhia atualizou os números para 170 (2025) e 172 (2027).

Apesar dessa diminuição na frota, o diretor da Azul garante que em um primeiro momento os passageiros não serão impactados. “Seguiremos operando normalmente, nada muda na nossa operação”, disse Fabio Campos. “Mudanças de malha podem acontecer durante o processo, isso é normal, mas será algo do dia a dia e de acordo com a avaliação da demanda, uma avaliação que já costumamos fazer normalmente. Todas as passagens aéreas vendidas serão honradas”, garantiu.
Segundo Campos, a Azul vai devolver alguns aviões que estão parados esperando manutenção (como sete aeronaves E1 da Embraer e dois Boeing 737 cargueiros) e também renegociar outros aviões futuros com arrendadores e fabricantes. “Nossa ideia é otimizar a frota com aviões mais modernos”, falou. Com a reestruturação financeira, a Azul espera reduzir esses custos com arrendamentos em US$ 744 milhões até 2029.

Parceria com a American Airlines e pausa no acordo com a Gol
Com o Chapter 11, a Azul espera eliminar cerca de US$ 2 bilhões de dívidas. Além do US$ 1,6 bilhão de financiamento, os planos de sua reestruturação incluem US$ 950 milhões em novos aportes de capital – US$ 300 milhões viriam de possíveis investimentos da United Airlines e American Airlines.
Campos lembrou que a United é uma parceira antiga da Azul, desde 2014, mas que vai aumentar sua participação nas ações da empresa. Já a American vai dar todo o apoio legal neste primeiro momento, se comprometendo com um investimento futuro para também ser acionista da Azul.
Sobre a possível fusão da Azul com a Gol, o diretor evitou o assunto e só afirmou que no momento a Azul está concentrada em sair do Chapter 11. “O MoU (memorando de entendimento) segue existente, mas nossa prioridade é a restruturação da Azul”, afirmou. O acordo deve mesmo ficar para o ano que vem.